Greve de pilotos da Latam paralisa o Chile, cancela 173 voos e afeta mais de 20 mil passageiros

Santiago, Chile — Um verdadeiro colapso aéreo tomou conta dos aeroportos chilenos desde a última quarta-feira (12), quando os pilotos da Latam Airlines deram início a uma greve que já deixou 173 voos cancelados e cerca de 20 mil passageiros sem destino, segundo dados divulgados pela própria companhia.

O movimento, liderado pelo Sindicato de Pilotos da Latam (SPL), foi deflagrado após o fracasso das negociações para um novo contrato coletivo. Após semanas de discussões intensas, ambas as partes saíram da mesa sem acordo, mergulhando a maior companhia aérea da região em uma crise operacional de grandes proporções.

Aeroportos lotados, filas quilométricas e passageiros à deriva

Nos principais aeroportos do país, como Santiago e Antofagasta, centenas de passageiros foram surpreendidos por cancelamentos de última hora, realocações caóticas e longas filas nos balcões de atendimento. Famílias, trabalhadores e turistas lotaram as áreas de embarque em busca de informações, muitas vezes com respostas vagas e promessas de remarcação sem garantia de prazo.

“Fomos avisados quando já estávamos na fila do embarque. Não sabemos se conseguiremos viajar antes do fim de semana”, relatou uma passageira frustrada.

A Latam reconheceu que a paralisação deverá afetar suas operações até o dia 17 de novembro, e divulgou canais emergenciais de atendimento para remarcações e reembolsos. Mesmo assim, o cenário segue de incerteza, especialmente para quem depende do transporte aéreo para compromissos essenciais.

 As razões da crise

O SPL afirmou que a categoria enfrenta estagnação salarial e carga de trabalho excessiva, ressaltando que os pilotos buscam um acordo que acompanhe a realidade atual da empresa, que voltou a registrar forte retomada pós-pandemia.

A Latam, por sua vez, diz que apresentou “propostas competitivas”, mas que o nível de exigências do sindicato ultrapassaria sua capacidade financeira.

O impasse aumentou tensões internas e levou à deflagração imediata da greve — uma das mais significativas já registradas no setor aéreo chileno nos últimos anos.

 Impacto regional e risco de efeito dominó

A paralisação no Chile afeta diretamente rotas internas, conexões internacionais e voos regionais, incluindo trajetos para Brasil, Argentina, Peru e Colômbia. Embora a greve seja específica para o quadro de pilotos chilenos, analistas temem que ela possa inspirar movimentos semelhantes em outros países onde a Latam opera.

Especialistas afirmam que empresas aéreas, ainda em recuperação financeira após anos turbulentos, podem enfrentar uma nova onda de conflitos trabalhistas, caso não haja reajustes estruturados para condições de trabalho da tripulação.

Uma crise que revela fragilidades profundas

O caos provocado pela greve expõe a vulnerabilidade das grandes companhias aéreas diante de tensões trabalhistas. Mesmo com sistemas robustos, algoritmos de reprogramação e equipes de contingência, a Latam enfrenta uma interrupção maciça que reflete como o setor depende de alta precisão e estabilidade operacional.

Empresas de turismo, hotéis e operadoras de viagens também relatam prejuízos e cancelamentos em massa.

 E agora?

Com o impasse ainda sem solução, o SPL diz estar disposto a negociar novamente, mas somente se a empresa apresentar “propostas reais”. Já a Latam mantém posição de cautela e afirma que está trabalhando para minimizar o impacto nos passageiros.

Enquanto isso, milhares de pessoas continuam presas em salas de embarque, monitorando painéis de voo atualizados a cada minuto, esperando que a turbulência política e trabalhista encontre finalmente uma pista para pouso.