América Latina senta sobre maior reserva de petróleo do mundo — mas produz 12 vezes menos que a Arábia Saudita
Apesar de concentrar mais petróleo que toda a Arábia Saudita, a América Latina — especialmente a Venezuela, dona do gigantesco Cinturão do Orinoco — produz apenas uma fração do seu potencial. Crises políticas, falhas estruturais e décadas de má gestão transformam o maior tesouro energético do continente em riqueza intocada.
América Latina tem mais petróleo que a Arábia Saudita — mas produz 12 vezes menos. Por quê?
A América Latina guarda um dos maiores paradoxos da economia global: possui mais petróleo do que toda a Arábia Saudita, mas produz doze vezes menos. No centro desse contraste está a Venezuela e seu Cinturão Petrolífero do Orinoco, um reservatório colossal onde a estatal PDVSA estima 300,878 bilhões de barris — quantidade que supera as reservas sauditas, avaliadas em cerca de 267 bilhões.
Em um mundo que ainda depende fortemente do petróleo, essa discrepância revela um cenário que mistura promessas gigantescas e frustrações igualmente monumentais.
O maior tesouro energético do planeta — parado
O Cinturão do Orinoco é considerado uma das joias geológicas do século. A região, rica em petróleo pesado e extrapesado, poderia colocar a Venezuela entre as superpotências energéticas do mundo. No papel, o país já é: detém oficialmente a maior reserva comprovada de petróleo do planeta.
Mas na prática, o abismo entre potencial e produção só cresce.
O que deveria garantir prosperidade e estabilidade econômica transformou-se em um símbolo de desperdício, instabilidade e colapso estrutural.
Por que a produção desabou?
Apesar de seu tesouro subterrâneo, a Venezuela enfrenta um conjunto de obstáculos que impede a exploração plena de suas reservas:
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Crise política e institucional: décadas de instabilidade afastaram investidores e paralisaram projetos.
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Colapso da PDVSA: a estatal, antes referência internacional, foi sucateada, sofreu perda de pessoal qualificado e acumula dívidas bilionárias.
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Tecnologia defasada: a exploração do petróleo do Orinoco exige tecnologia avançada, muito acima da capacidade atual do país.
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Sanções internacionais: medidas especialmente dos EUA restringem exportações e parcerias.
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Fuga de mão de obra especializada: engenheiros e técnicos migraram para outros países diante do colapso econômico.
O resultado é uma produção que despencou e hoje não chega perto das gigantes do Oriente Médio.
A ironia: um gigante adormecido
Enquanto a Arábia Saudita opera com tecnologia de ponta e estabilidade política, a Venezuela — dona de reservas ainda maiores — luta para manter refinarias funcionando e para evitar quedas ainda mais drásticas na produção diária.
Especialistas afirmam que, com investimentos adequados, reformas internas e abertura para parcerias globais, o país poderia multiplicar sua produção em poucos anos. Mas, por enquanto, o maior potencial energético do mundo continua travado sob camadas de crise.
E o futuro da região?
Outros países latino-americanos, como Brasil, Guiana e Argentina, expandem suas fronteiras petrolíferas e podem se tornar protagonistas regionais, mas nenhum chega perto do tamanho do tesouro venezuelano.
O contraste entre riqueza imensa e produção mínima segue sendo um dos maiores alertas econômicos da América Latina — e um lembrete de que recursos naturais, sozinhos, não garantem prosperidade.
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